Celso Luís de Sousa Girão
Um vocacionado da Justiça
Para buscar a verdade da Justiça, no Direito, ou melhor, para ter “a vontade constante e perpétua de dar a cada um o que é seu”, o Magistrado, administrador oficial da Justiça, precisa ser, além de grande conhecedor das ciências jurídicas, versado em filosofia e, mais ainda, em sociologia, Celso de Sousa Girão é verdadeiramente um Juiz que se destaca nestes três aspectos. No sociológico, mergulha fundo no contexto das transformações sociais, abarcando, quase sempre, o panorama da vida humana como um todo, para poder aplicar as normas que melhor disciplinam a vida em sociedade. Conhecedor da legislação penal e processual, além dos ditames da Justiça, este magistrado Girão, não pesa em balança hesitante e, embora afira o direito de acordo com a lei, nem por isso, deixa de levar em consideração o lado humano de que nossa legislação precisa e deve ser revestida.
Quanto ao aspecto filosófico, Celso Girão, como todo discípulo de Bertrand Russel e Robinson, este autor do revolucionário livro “Formação da Mentalidade”, é dotado de acentuado espírito crítico e gosta de “esclarecer os conceitos que costumam ser ministrados, senão pela crítica”.
Celso estudou no Colégio Fortaleza, do ilustre professor Colares, de saudosa memória; no Colégio Lourenço Filho, fundado e orientado com amor, pelo grande educador e extraordinário poeta Filgueiras Lima, concluindo seus estudos secundários no tradicional Liceu do Ceará, cadinho educacional de onde saíram os expoentes máximos da cultura e do saber, não só do Ceará, mas de todo o Brasil.
Recordista de primeiros lugares em vários concursos a que se submeteu: para o DNER, onde trabalhou de 1952 a 1954, para o Fórum Clóvis Beviláqua, onde exerceu as funções de Escrevente e Escrivão interino, no Cartório Sousa Girão de 1954 a 1957 e para o INPS, tendo ali prestado serviços de 1957 a 1970, este ilustre membro da família Girão matriculou-se na Faculdade de Direito, depois de obter o 17º lugar nas 100 vagas oferecidas, colando grau no ano de 1963.
De 1970 até a data de seu repentino e prematuro falecimento, ocorrido em 2002, serviu ao Poder Judiciário com zelo e elevado espírito público, havendo exercido as funções do seu cargo, nas comarcas de Solonópole, onde assumiu a 1º de abril de 1970, Maranguape (1971), Aracoiaba (1972), Jucás (1972/1973), Jaguaribe (1974/78), Acopiara (1978), Caucaia (1979/85) e, finalmente, de Fortaleza, onde foi Titular da 3ª Vara do Tribunal do Júri, até falecer, cargo para o qual foi escolhido pelo Tribunal de Justiça, por unanimidade, em sessão daquela Corte.
Eis ai os traços biográficos deste monumental Magistrado. Celso, penúltimo filho do extraordinário Escrivão Luís Carneiro de Sousa Girão e de Maria Machado Girão foi, sem sombra de dúvidas, um lídimo representante da lei, um vocacionado da Justiça, um exemplo dentro do mundo Jurídico.
Este Juiz honrou, de fato, a toga que veste e nunca se deixou seduzir pela vaidade do cargo, numa autêntica demonstração de que não só lê, de pé e de viva voz, a “PRECE DE UM JUIZ”, de João Alfredo Medeiros Vieira, mas, o que é mais importante, põe em prática a oração que reza, seguindo religiosamente, na vida diária, suas exortações, seus ensinamentos.
Podemos, pois, afirmar, alto e em bom tom, que Celso, durante toda a sua vida, sempre refletiu suas verdadeiras e insofismáveis convicções espirituais.
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