José Carneiro Girão (Nanha)
Uma história de luta
José Carneiro Girão foi um dos pioneiros ao deixar suas raízes na terra natal, Morada Nova, ambiente típico e rústico de criação de bovino, caprino e eqüino e berço dos seus pais e irmãos. Escolheu o Rio de Janeiro, na época capital do Brasil, para constituir família e buscar outro tipo de atividade do seu agrado. Homem iletrado, mas de muita perseverança e inteligência. Encontrou naquela cidade as condições para sobreviver e criar os filhos ao lado de esposa dedicada.
Por ter disposição física e muita determinação, iniciou seu labor como estivador no Caís do Porto. Em seguida, conseguiu ingressar no Lloyd Brasileiro, como Aprendiz de Cozinheiro. Posteriormente chegou a 3º Cozinheiro.
Conforme certidão expedida pelo Ministério da Marinha, navegou em zona de guerra, em comboio sob orientação das autoridades navais brasileiras, no período de 25 de outubro de 1942 a 30 de julho de 1943, pois naquela época com a eclosão da 2ª. Guerra Mundial muitos navios brasileiros foram afundados na costa brasileira por submarinos alemães e italianos. José Carneiro Girão realizou onze viagens durante a guerra, nos navios: “Três de Outubro”, “Comandante Lyra” e “Mandú”. Em uma das viagens, o Comandante Lyra foi torpedeado, em 18 de maio de 1942, pelo submarino italiano “Barbarrigo”, causando a morte de dois tripulantes que se jogaram ao mar na tentativa de alcançar à costa brasileira, bem próxima. Entretanto, o navio não foi afundado, sofrendo poucas avarias sendo possível reboca-lo para o caís de Fortaleza. Conforme registros, toda tripulação – 50 homens – foi salva, exceto os dois.
Em 04 de novembro de 1953, recebeu a medalha naval de Serviços de Guerra pelos valiosos serviços prestados ao País durante a 2ª. Guerra Mundial ao lado das Nações Unidas contra os países do Eixo. Após ser aposentado pela Marinha Mercante com o cargo de 2º. Tenente, na vida civil atuou como Corretor de Imóveis, obtendo relativo sucesso. Paralelamente, com um dos sobrinhos, dedicou-se ao comércio de mercearias nos subúrbios cariocas. Faleceu em 17 de fevereiro de 1989, no Rio de Janeiro. José Carneiro Girão, de pouca formação, percebeu que o Rio de Janeiro, em termos de oportunidades profissionais era uma cidade promissora e, caminhando com muitas dificuldades, encontrou condições materiais e financeiras para que os filhos, como afirmava, “fossem doutores”. Desta forma, orgulhosamente, presenciou a formação dos filhos em diversas áreas profissionais como ensino, engenharia, ciências contábeis, administração, enfermagem e biologia.
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