Wanderley Girão Maia
Nascido em 17 de dezembro de 1910, em Morada Nova, berço dos Girões, Wanderley era filho de Cipriano Monteiro Maia e Maria (Sinhá) Girão, esta descendente da heroína e bondosa Firmina Damasceno e do aludido Porfírio, por quem Sousa Girão nutria a mais profunda admiração.
Recebendo os primeiros ensinamentos escolares das professoras Francisca Moreira, Olímpia Linhares de Lima, Rosa Viterbro Lima, Deusdedith Nogueira de Pontes e Maria Lucena, o jovem moradanovense veio para Fortaleza, em data de 28 de janeiro de 1929. Estudou, inicialmente, no Colégio Castelo Branco, concluindo o curso seriado em 1934.
Cursando apenas o primeiro ano na Faculdade de Agronomia, preferiu matricular-se, em 1937, n nossa Escola de Ciências Jurídicas, onde colou grau.
A gloriosa trajetória policial de Wanderley, no entanto, começou muito depois que ele fez o Curso Superior de Polícia, da Academia de Polícia Civil do Ceará, pela qual obteve o título de Delegado Especializado, fazendo, em seguida, o Curso de Investigação Policial realizado na Escola de Polícia Civil do Ceará, sob a orientação do Professor Coriolano Nogueira Costa, da Academia de Polícia do Estado de São Paulo.
“Prepara-te para aquilo que queres ser” era a máxima cuja recomendação Wanderley seguia, à risca. Por isso, fez ainda o Curso de Relações Públicas no Departamento federal de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro.
Bem preparado para trilhar os caminhos da vida, Wanderley Girão, em 1942, advogou em sua Terra Natal até 1949, retornando à Fortaleza, a fim de ser nomeado Delegado de Ensino, da Secretaria de Educação e Cultura, cargo que deixou depois de um ano, para ser nomeado Delegado de Ordem Política e Social, da Secretaria de Segurança Pública. Voltou, porém, à Secretaria de Educação, mas já como Consultor Jurídico. Foi advogado do antigo SERVILUZ e, juntamente com o companheiro de escritório, Dr. Agapito dos Santos Sátiro, militava no Fórum da Capital.
Mas, a idéia fixa de ser um policial civil exemplar nunca saiu da mente e do coração magnânimo de Wanderley. Para esse mister ele tinha verdadeiramente se preparado e consagrado boa parte de seus esforços.
Havia, também, o exemplo do tio “LULU”, que fora Delegado por muitos anos, mais precisamente 40 anos em Morada Nova, pelo qual, não só ele, mas toda a família Girão sentia admiração e estima. Um protótipo de criatura humana, também um Delegado modelo, em que o discípulo haveria de se espelhar.
Voltar à Polícia Civil era, para Wanderley, um verdadeiro “imperativo categórico”, ser novamente um policial, não pelo anseio de poder, mas pelo desejo de servir à ordem e segurança públicas, seu principal objetivo de vida. Enfim, via nessa atividade profissional a melhor maneira de ser útil à coletividade.
Com essa visão do bem acima dos olhos, aquele que se tornaria “O DECANO DOS DELEGADOS DE POLÍCIA DO CEARÁ”, voltou à Secretaria de Segurança Pública, a fim de ser nomeado Delegado do Segundo Distrito Policial, onde permaneceu até 1983, ano em que obteve a sua aposentadoria.
Contudo, a brilhante carreira de Wanderley, no mundo legal, não sofreu solução de continuidade, pois permaneceu na Policia, mesmo depois de aposentado, exercendo, de maneira exemplar, as funções, primeiramente, de Diretor de Divisão de Inspeção da Corregedoria, na administração do General Assis Bezerra, depois, de Diretor do Regime Jurídico, na gestão do Dr. José Feliciano de Carvalho e, por último, de Assessor de Assuntos Extraordinários do gabinete do titular da Pasta, quando Secretário o Dr. José Renato Torrano.
Enquanto Wanderley esteve à frente da Delegacia do 2º Distrito Policial, fazia de sua Distrital uma vedadei9ra “Corte de Conciliação”, querendo, naturalmente, expressar com isso que ele apaziguava as partes em conflito, resolvendo problemas, solucionando questões de sua circunscrição de maneira pacífica e, quando possível, na base do acordo.
Mas, apesar dos elogios recebidos de seus superiores pela sua conduta humana e a fidelidade com que, geralmente, cumpria seu dever, Wanderley recusava-se executar ordens que pudessem ferir a sua suscetibilidade, ou fossem pouco ética ou emanadas de autoridade despótica. Foi assim, que deixou de cumprir a determinação do tirânico coronel Severino Sombra mandando prender – no momento em que o Sol da Liberdade era obscurecido pelas nuvens negras da ditadura – a jornalística Adísia Sá, estrela maior do jornalismo alencarino; o ex-Deputado e jornalista Blanchard Girão, um dos exponenciais da nossa família e da própria Imprensa, e Armando Vasconcelos, outro radialista de renome. Segundo os ensinamentos do Nazareno, não lhes atirava logo a primeira pedra. Investigava-os com as necessárias cautelas, mas sem deixar de levar em consideração o lado humano.
Autêntico e intimorato, características herdadas dos seus avós, às que se juntam os sábios conselhos do seu tio Lulu, Wanderley desempenhou importantes missões, nas quais eram exigidas “tino policial, discrição e absoluta dedicação”.
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