Luís de Sousa Girão
n. 20.06.1934, distingüido serventuário da Justiça da Capital e veterano Escrivão da Comarca de Fortaleza, por onde se aposentou após dedicar-se por mais de três décadas às atividades cartoriais e forenses; Filósofo por natureza, pacificador obstinado, humanista por vocação e possuidor de uma generosidade sem limites, alem de possuir o genial talento de exímio Escritor. Por tais predicados é tido e respeitado como uma das figuras mais expressivas e brilhantes da família Girão.
O empenho constante em aglutinar e fortalecer os laços de amizade da enorme família esgalhada pelo Ceará e pelo País, a partir de Morada Nova, tem sido uma das principais preocupações de Luís de Sousa Girão – o Luisinho do Sousa, figura admirável de homem simples e bom. Sua personalidade se caracteriza, essencialmente, pelos primados do dinamismo, disponibilidade em servir, serenidade de conduta e simplicidade, sem abdicar da dignidade inerente à cidadania, ou fazer concessões à subserviência.
As muitas Convenções dos Girões já realizadas evidenciaram a capacidade realizadora desse querido integrante da nossa grei familiar, sempre desejoso em enaltecer e elevar cada vez mais o prestígio e o conceito da família Girão no contexto social. Filho do legendário Sousa Girão, de quem herdou, dentre muitas outras virtudes, o apego ao trabalho e amor ao próximo, Luisinho, como é carinhosamente chamado, é a síntese perfeita de todas as belas qualidades que ornam a nossa família.
Descrever sobre Luís Girão como homem público, principalmente enquanto Serventuário de Justiça à frente dos Cartórios: 1º do Crime e Júri e o da Vara Única de Trânsito, pelas quais se dedicou como Escrivão titular, por muitos anos, assumindo papel de destaque na condução adequada e modernizada das funções do Ofício, é tarefa que demandaria maior tempo e excederia o espaço desta breve sinopse biográfica. Entretanto, nos basta afirmar que Luisinho é pessoa onde afloram atributos essenciais ao bem-estar das sociedades de todas as épocas, como o amor ao próximo e, por conseqüência, o total sentido de solidariedade cristão, sempre benfazeja; a noção, sempre presente, de que o homem deve interagir harmonicamente com o restante do Universo, como pressuposto para o desenvolvimento social da humanidade; a adoção do método científico no discernimento de todos os assuntos, ensejando a si e a tantos outros a galgarem posições dignas no contexto da comunidade; o inarredável sentido de liberdade e de Justiça, como acatamento às legítimas normas do convívio social; enfim, o ânimo para o desempenho dessa experiência, vezes laboriosa, vezes lastimosa, outras, alegres, mas, sempre, excitante, que é viver a vida, fascinante aventura que nos foi sabiamente legada e à qual não podemos renunciar.
Seus descendentes, sem dúvidas manterão, para os Girões e seus concidadãos, a largueza de espírito, a prática do bem desinteressado e o sentido de humanismo que tanto caracterizam a família.
Foi nesta cidade de Fortaleza, precisamente no dia 20 de junho de 1934, que nasceu Luís de Sousa Girão, hoje considerado um paradigma de Serventuário de Justiça. Filho do velho e notável escrivão, Luís Carneiro de Sousa Girão e de Maria Machado Girão, Luisinho (nome pelo qual é carinhosamente conhecido) estudou, sucessivamente, na escolinha do Sr. Francisco/dona Neuza, onde aprendeu as primeiras letras e rudimentos de aritmética, sob a égide da palmatória; no Grupo Rodolfo Teófilo, localizado no Benfica; no Instituto São Raimundo, do Professor Coelho, e no Colégio São Luís, onde concluiu o primário. Depois, cursou até a 2ª Série, no Colégio Lourenço Filho. Transferindo-se para o Liceu do Ceará onde terminou o Ginasial e concluiu o Científico. Neste grande educandário, participou da Revista “A IDÉIA”, com um conto da sua autoria, “O Juramento de Um Médico”, e vindo, posteriormente, a escrever alguns artigos nos jornais Unitário, Gazeta de Notícias e Tribuna do Ceará.
Em data de 12 de outubro de 1953, foi nomeado para trabalhar no Fórum Clóvis Beviláqua, afastando-se algumas vezes das suas funções para servir no Centro de Preparação dos Oficiais da Reserva (CPOR), onde fez o curso de saúde. No dia 15 de junho de 1956, prestou compromisso para exercer as funções de Escrevente Compromissado, sem ônus para o Estado, da 1ª Escrivania do Crime, Júri e Execuções Criminais de Fortaleza, àquele tempo conhecido por Cartório Girão e, por ato de 28 de maio de 1957, do Governo do Estado, assumiu, em caráter interino, o cargo de 1º Escrivão, durante o impedimento do titular efetivo. Posteriormente, nomeado por ato do Governador do Ceará, assumiu, em caráter efetivo as funções de Escrevente Compromissado da mencionada Escrivania, tornando-se dela titular do cargo de Escrivão Substituto, em data de 10 de setembro de 1958, também em caráter efetivo.
Com a aposentadoria do seu irmão Geraldo Girão, foi por ato do Governador Plácido Aderaldo Castelo, datado de 10 de março de 1967, nomeado para exercer, em caráter vitalício e independentemente de concurso, o cargo de 1º Escrivão do Crime, Júri e Execuções Criminais da Comarca de Fortaleza, de Entrância Especial, por contar mais de dez anos de serviço de efetivo exercício, em Ofício de Justiça.
Por mais de uma vez, participou de Comissão Examinadora dos candidatos aos cargos de Oficiais de Justiça da Comarca de Fortaleza. A pedido e por deliberação do Tribunal de Justiça, no início de 1980, Luís Girão foi removido para a Escrivania Privativa das Varas do Trânsito da Comarca de Fortaleza, assumindo suas funções em 6 de março do mesmo ano.
Durante o período em que esteve à disposição da Diretoria do Fórum (23.12.1980 a 14.12.1988), Luís Girão continuou, diariamente, orientando a administração da novel escrivania. E, para manter viva a tradição de que sempre gozara a sua família na vida forense, denominou o Cartório, do qual era titular, de Cartório Sousa Girão, nome que trouxe consigo da Escrivania anterior, em justa homenagem ao velho e notável escrivão Luís Carneiro de Sousa Girão que, no passado tantos serviços relevantes prestara à Justiça cearense. Para que assim continuasse sendo, o escrivão Luís Girão, antes do final do exercício de 1981, inaugurou no Cartório um sistema interno de processamento de dados e textos, tornando-o o primeiro Cartório Oficial informatizado do Brasil, numa memorável festa, que contou com a presença do Governador Virgílio Távora e a sua esposa, dona Luísa Távora, na ocasião homenageada, o Presidente do Tribunal de Justiça, o historiador Raimundo Girão, Desembargadores, Juizes, Promotores, Advogados e vários funcionários do Tribunal e do Fórum. E isso ocorreu numa época em que, em nossa terra, a cibernética e os computadores eram coisas tidas como inadmissíveis.
Por esse motivo, foi Luís Girão designado por determinação da Diretoria do Fórum, para fazer parte da Comissão de Informatização da Justiça do 1º grau da Comarca de Fortaleza, em regime de dedicação exclusiva, por alguns meses. Afora as suas funções no Fórum, Luís Girão ainda exerceu as de Escrivão Eleitoral, primeiramente, na 2ª Zona, posteriormente na 82ª e, por último, na 3ª Zona Eleitoral.
Extintos os cargos de Escrivão, por força do Código de Organização Judiciária de 1994, Luís de Sousa Girão e os seus colegas foram postos em disponibilidade.
Embora sempre lhe acalentasse o sonho e o ideal de fazer Medicina, após haver logrado êxito no vestibular, cumpriram apenas os três primeiros semestres no Curso de Administração da UNIFOR e, após obter transferência para o Curso de Direito, por razões subjetivas, renunciou as atividades curriculares, pondo fim aos estudos acadêmicos.
Em data de 18 de abril do ano de 1997, fez a sua incursão no mundo da literatura, publicando o livro “A Trajetória de um Mestre – a luta de um homem em busca do seu ideal”, livro que trata da vida e obra do Professor, escritor e jornalista Clodomir Teófilo Girão, tendo posteriormente (1998) publicado “Galeria dos Ex-Escrivães Judiciais de Fortaleza” e, em 2007 o livro “Vanguardeiro de uma Nova Era no Judiciário”, trabalho biográfico e ilustrativo da vida e obra do Desembargador José Maria de Melo.
Atualmente, Luís de Sousa Girão dedica-se às atividades intelectuais e culturais. É casado com a senhora Teresinha Pereira Veras e tem cinco filhos: Bertrand Luís, Giordana Andréa, Adriana Suellen, Lílian Stéfane e Thales Newman, e um netinho de nome Pedro. Todos representam, para ele, a sua maior riqueza.
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