João Perboyre Teófilo Girão
n. 14.10.1908, cc. Odete Rabelo Andrade, n. 05.03.1905, de prendas domésticas, filha de João Bezerra de Andrade e Elisa Alice de Andrade.
João Perboyre Teófilo Girão, o patriarca dos Teófilos Girões, nunca arredou pé de sua terra natal. Homem inteligente e trabalhador poderia ter seguido o caminho dos seus irmãos, que se deslocaram e venceram em Fortaleza, no rio de Janeiro e em outros pontos do País.
Assumiu sua condição de sertanejo autêntico, fazendeiro por amor à terra, criador e agricultor, homem do campo, devotando-se igualmente ao comércio, mas diretamente ligado aos produtos agrícolas, em especial o algodão.
Sua liderança em Morada Nova surgiu naturalmente, pela convivência diária e fraterna com seus irmãos de labuta agrícola, sofrendo com eles seus maiores problemas, amparando-se nos momentos mais difíceis e ajudando-os naquelas ocasiões em que se fazia necessária uma mão amiga para aproveitar as dádivas do céu que desciam em forma de chuva generosa.
A política de Morada Nova não teve outro nome de maior grandeza. Perboyre foi prefeito. Poderia, se o desejasse, ter sido deputado ou qualquer outra coisa na vida pública estadual. Sempre fiel aos amigos, colaborou decididamente para a eleição de muitos parlamentares, a quem cobrava unicamente a atenção aos anseios do povo de Morada Nova.
Homem de reconhecidas habilidades comerciais e descortino político. Do nascimento já trazia nas veias a valentia do sangue de seu genitor Luís Damasceno, homem destemido e pertencente a um grupo familiar, que se caracterizava pela coragem pessoal e o valor da palavra empenhada, e também a brandura e a generosidade de coração de sua mãe Isabel. Tinha, assim, bem dosadas, as boas qualidades para ser um homem de bem. Garoto vadio nos imensos vales do Banabuiú, formou a sua personalidade a par dos exemplos domésticos, no contato direto com a terra agreste de sua Morada Nova, enrijecendo a tempera e retemperando a alma para os embates do amanhã. Perboyre aprendeu, assim, a trabalhar e a lutar. Era um jovem diante da vida, capacitado a enfrentá-la e vencê-la. Muito moço dedicou-se às atividades comerciais. Sem embargo, entregou-se igualmente à agricultura e à pecuária, ramificando, desse modo, a sua capacidade de trabalho em favor do maior desenvolvimento de sua terra. Tornou-se o homem de negócio mais procurado, não apenas em Morada Nova, mas em todo o extenso vale do médio Jaguaribe. À sua porta batiam pessoas das mais diferentes procedências, certas, todas elas, de que Perboyre encontrava sempre um meio de atendê-las. Personalidade assim tão expressiva teria de ser, como de fato foi, atraída pela política. Fez-se candidato a Prefeito de Morada Nova e o povo o consagrou com esplendida vitória. No cargo de Prefeito, adquiriu tratores para o município, num esforço para incrementar a mecanização dos processos agrícolas. No último ano da sua administração, foi surpreendido com a seca de 1958. Sem recursos municipais, estaduais e federais, enfrentou praticamente sozinho o grande problema de atender às populações desamparadas. Tornou-se autêntico pai da pobreza, o que lhe valeu a ruína econômica temporária. Perboyre Girão, todavia, não foi homem de esmorecer e sucumbir, sem luta. Lançou-se ao trabalho, com a coragem que trazia nas veias, e conseguiu, em pouco tempo, soerguer-se, tornando-se um ídolo da sua gente. Este, o perfil do verdadeiro líder de Morada Nova descrito em crônica pelo jornalista Blanchard Girão, em julho de 1962.
Até morrer, já com idade bem avançada, Perboyre comandava com segurança o destino político de sua gente, tendo em Francisco e depois em Franciné Girão os seus continuadores.
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