O Ceará
Por: Raimundo Girão e Antônio Martins Filho
(1ª ed. – 1939; 2ª ed. – 1945; 3ª ed. – 1966)
[Compilação crítica organizada por Eurípedes Chaves Júnior]
AFFONSO DE TAUNAY: “Meu caro Dr. Rui [?] Acabo de receber sua carta e o volume d’O Ceará que o Sr. teve a bondade de me mandar de um modo tão gentil e acompanhado de expressões que tanto me penhoraram e desvaneceram. Venho agradecer-lhe uma e outra coisa, sobremodo grato a esta lembrança tão gentil.
Já conhecia o volume que li com muita atenção, nele aprendendo imenso e encontrando muita coisa já minha conhecida. É uma obra excelente para o conhecimento mais extenso de um Estado da importância do Ceará e do valor do cearense. Ótimo documentário de leitura atraente e riqueza informativa variada. As pequenas biografias são muito interessantes e instrutivas; a parte iconográfica de muito bom gosto. Otimamente escolhido, o texto… [trecho ininteligível]. Representa o livro excelente serviço prestado ao Ceará e ao Brasil relatando-nos os grandes progressos e a vitalidade do Estado” (Carta de São Paulo, SP, de 23/06/1940).
ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE IMPRENSA: “A Editora Fortaleza, desta cidade, acaba de lançar nas livrarias a apreciável obra O Ceará, o mais completo e fiel repositório de assuntos que se relacionam com nosso Estado e interessam de perto ao mesmo. Anunciada de há meses, a saída da publicação em apreço marcou uma esplêndida vitória, muito menos para os seus inteligentes feitores do que para o próprio Ceará. O nosso Estado, que se ressentia de uma obra que lhe descrevesse em todos os aspectos, com um prodigioso dom de síntese, tem no livro O Ceará uma publicação do mais alto porte. O Ceará, cujo feitio material, em suas quase quinhentas páginas, muitas das quais excelentemente coloridas, nada fica a dever às ótimas publicações cariocas, foi trabalhado pelos espíritos dinâmicos de Martins Filho e Raimundo Girão, nossos prezados associados. Bacharéis ilustres, este último Juiz do Tribunal de Contas [do Ceará], membro da Comissão do Plano da Cidade de Fortaleza, como representante da ACI, ex-presidente do Rotary Club local, ex-prefeito da Capital; aquele primeiro, professor do Liceu do Ceará e de outros importantes estabelecimentos locais, diretor da apreciada e vitoriosa revista VALOR, membro destacado do Conselho Fiscal da ACI, ambos advogados de méritos, – Antônio Martins Filho e Raimundo Girão empregaram o melhor de seu esforço na feitura do O Ceará. O livro compensou-os esplendidamente, porque, na verdade, O Ceará é uma obra de valor inconteste” (Nota da Secretaria da ACI, lida ao microfone da P.R.E. 9 – Ceará Rádio Club e transcrita na revista VALOR, fasc. 13, p. 520, Fortaleza, novembro de 1939).
AZARIAS SOBREIRA: “Cada dia estou a consultar O Ceará, saído da sua pena associada a do Martins Filho. E cada dia sobe de ponto o meu entusiasmo e enlevo diante de tão bem urdida obra. Nunca uma expressão com objetivo comercial, feita para armar ao efeito. Tudo seriamente organizado, tudo objetivo, tudo modelar e altamente patriótico. Honra lhes seja” (Carta de Aracati, CE, de 23/05/1955).
CLÓVIS BEVILÁQUA: “Ao Governo do Estado do Ceará apresento as minhas homenagens e agradeço a oferta do belo e valioso livro O Ceará, organizado por dois ilustres cearenses, Raimundo Girão e Martins Filho, com a colaboração de cientistas, juristas, historiadores e poetas de reputação firmada. Para mim, como cearense, é um tesouro, que me fala da terra e da gente, a que me prendem laços indestrutíveis, me comove e me instrui. Com ele, vejo a grandeza moral e o progresso do Ceará, em todos os sentidos, e me alegro como filho” (Carta do Rio de Janeiro, RJ, de 28/03/1940).
CONSELHO NACIONAL DE GEOGRAFIA: “Excelentíssimo Sr. Raimundo Girão
Tenho o prazer de voltar à presença de V. Ex.a a fim de acusar o recebimento e agradecer penhorado a gentil remessa de um exemplar do valioso trabalho intitulado O Ceará, que veio enriquecer sobremodo o patrimônio bibliográfico especializado deste Conselho. Reafirmo os protestos de elevada estima e consideração. Christovam Leite de Castro – Secretário Geral (Carta do Rio de Janeiro, RJ, de 25/03/1940).
DJACIR MENEZES: “UM DESAFIO DE CULTURA Num meio sempre disposto a desencorajar todas as iniciativas da inteligência, o arrojo dos meus amigos Drs. Raimundo Girão e Martins Filho escandalizou. A publicação no Ceará do O Ceará emudeceu o coro dos basbaques e alegrou a população que está sempre pronta a vitoriar os empreendimentos desligados de interesses imediatos. Porque esta obra reponta na esterilidade provinciana do ambiente, onde ainda choramingam os derradeiros poetas desmamados, como um desafio luminoso de vigor intelectual e de fecundidade laboriosa. É uma obra ordenada, fundamentada, erudita, que congregou trabalhos de estudiosos focalizando os diferentes aspectos da evolução cearense. Os estudos do quadro fisiográfico e climático, do material humano e seus processos sociais de ajustamento as condições telúricas, de todas as manifestações culturais que se surpreendem nessa gente e nesse habitat. Informações históricas rigorosas, oriundas de fontes limpas de suspeitas. Solução de divergências e vacilações, que a rotina ameaçava eternizar nos meandros da historiografia menos paciente e mais vulgarizada. Notícias demológicas, fiscais, administrativas, econômicas de todos os municípios, averiguadas carinhosamente… Que se poderá mais dizer? Por tudo isso, a obra organizada pelos meus dois amigos produziu essa admiração e esse espanto, entalando no silêncio tantos maldizentes sempre desesperançados. Quero crer que o Governo não deixará passar a oportunidade de incrementar a divulgação dessa obra, que é atualmente o melhor e mais verídico repositório de informações e estudos sobre o nosso Estado. Principalmente se levarmos em conta os erros e ignorância correntíos, que o livro, compilando uma investigação criteriosa, vem dissipar e aclarar. Não foi obra de encomenda, mas de abnegação, de esforço e de cultura. Por esses títulos, está se impondo rapidamente no nosso meio.
Essa espontaneidade magnífica de sua aceitação já é o melhor prêmio aos organizadores que tão atrevidamente desafiaram a descrença dos desanimados sobre obras serias num clima social onde se festejam tantas nulidades feitas obras e feitas gente…” ( Revista VALOR, fasc. 13, p. 523, Fortaleza, CE, novembro de 1939).
ELÓI PONTES: “A TERRA DA LUZ A despeito de tudo é certo que desconhecemos o Brasil. Cada vez que se publicam livros de informações sobre qualquer Estado encontramos neles verdadeiros mananciais de surpresas. Os raios de ação da nossa insaciável curiosidade têm alcances menores do que pensamos. É pensamento primário a circunstância de que aprendemos muito ao cabo de cada dia decorrido… Parece mesmo que todos os La Palisses do mundo já perceberam e repetiram isto… Assim nunca devemos estragar os ensejos de aprender mais alguma coisa, além das que os episódios cotidianos da vida concedem. Foi o que fizemos tendo O Ceará [1ª edição] de Raimundo Girão e Antônio Martins Filho (Editora Fortaleza), volume de informações de toda a ordem, quase todas curiosas. Pena foi que os autores não tivessem dado mais disciplina aos assuntos, distribuindo-os por sistema, de modo que pudéssemos avaliar não só o Ceará contemporâneo mas também as origens de tudo quanto ali já se realizou, nos planos das conquistas materiais e espirituais. Em todo o caso os esforços aqui compendiados podem servir de espelho a esforços análogos em relação a outros Estados, pois não é fácil obter informações cada vez que as procuramos. Além das notas abundantes sobre cada município cearense, seus recursos e fontes de opulência, foram reunidos no volume diversos estudos sobre educação, justiça, indústrias, literatura e outros assuntos, sempre de grande interesse. Os ensaios de João Nogueira, sobre hábitos e costumes, de Carlos Studart [Filho], sobre tribos indígenas, de Antônio Sales, sobretudo acerca da literatura cearense, constituem contribuição magníficas, que se podem somar a outras para se ter idéia em conjunto da formação nacional. Os autores, justificando o volume, que se imprimiu por iniciativa do Governo, dizem que ele representa documentário de estudos, que fotografam o Ceará. A fotografia reclama retoques… Falta-lhe, talvez, perspectiva. Por detrás dela sente-se apenas uma cortina. Por detrás dessa cortina haveria muito o que mostrar. No norte é, certo, o Ceará a terra que melhor pode correr o véu sobre tempos idos e vividos, para orgulho e vantagens para suas glórias históricas. Mas, seria exigir muito de uma iniciativa como esta, que cumpriu o preceito do lugar comum, preenchendo uma lacuna. Explicando-a e definindo-a lemos, na primeira página, que o volume foi ideado e elaborado com o intuito de ‘fazer melhor divulgação e propaganda honesta da terra, do homem e das coisas cearenses, a fim de afastar conceitos defeituosos e corrigir apreciações errôneas, decorrentes do desconhecimento da sua realidade’. É exato. Desconhecemos, em regra, todas as coisas nacionais, menos por indiferença que por falta de fontes esclarecedoras capazes. Os autores d’O Ceará compreenderam e confessaram as falhas desta obra, dizendo que ela foi ‘conseguida a troco de grandes esforços’ para concluir que, a despeito de tudo, possibilita visão de conjunto, mostrando aspectos gerais e indispensáveis a quem queira formular juízos seguros sobre a fisionomia do Estado, conhecido na tradição nacional por ‘terra da luz’.
Acreditamos que se em outros Estados se organizassem publicações análogas seria fácil levantar o gráfico do Brasil contemporâneo. Acontece, porem, que as publicações análogas degeneram em poliantéas de magnatas. Isto foi evitado aqui, de modo geral, apesar de haver sido o volume impresso com apoio do Governo. Já é tempo de conhecermos o Brasil. As fontes desse conhecimento, em regra, envolvem apenas fenômenos de ordem material, tidos como administrativos… Por isso mesmo ignoramos a nossa terra. Relatórios não poderão nunca oferecer as imagens que queremos conhecer e a literatura de propaganda, entre nós, é constituída de relatórios insípidos, enfadonhos, desenxabidos” (Rio de Janeiro, RJ, 1940).
O ESTADO: “Da autoria dos Drs. Raimundo Girão e Antônio Martins Filho, acaba de ser editado O Ceará, volume de cerca de 500 páginas, copiosamente ilustrado, e de excelente aspecto gráfico. É livro para se falar dele mais a vagar, tal a sua importância, sob todos os pontos, mormente histórico, geográfico, econômico e literário, propriamente dito.
Em suas páginas, com uma clareza admirável e aprumada orientação, encontram-se quantos dados se precisem, referentes aos municípios, dos quais, além da parte geral, vem em súmula um histórico abrangente das formações política, judiciária, eclesiástica, a etimologia e ligeiras notas biográficas dos filhos de maior relevo nos diversos ramos das atividades humanas.
Como se fora pouco, os autores, ampliando o seu intento, inseriram trabalhos de real valia de vultos inconfundíveis das nossas letras e ciências, como [enumera os colaboradores e os títulos de suas respectivas contribuições]. Não mais é preciso para um juízo dessa obra, que veio preencher a mais lamentável lacuna de que se ressentia o nosso Ceará.
Livro que se impõe, e merece disseminado largamente pelos poderes públicos, mormente nesta época em que o valor das circunscrições territoriais e políticas se projeta justamente pela concretização de realidades demonstradas em publicações autorizadas como O Ceará.
Deixamos de parabenizar os autores, porque os parabéns quem os merece é, antes de tudo, a terra cearense” (Jornal de Fortaleza, CE, ed. de dezembro de 1939).
FEDERAÇÃO DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO BRASIL: “Exmº Senhor Interventor Federal [Francisco de Menezes Pimentel] É do meu dever, agradecer a V. Excia., com todos os aplausos, esse magnífico documento O Ceará [1ª edição], com o qual o generoso espírito de V. Excia. me distinguiu.
Obra desse feitio e com essa feição de puro nacionalismo construtor, ao serviço da divulgação de todos os valores: materiais e culturais, de um grande núcleo brasileiro, o alto espírito que a consubstanciou em volume.
Possam os demais Estados do Brasil, seguirem o exemplo do grande Ceará.
Apresento a V. Ex.a com os meus agradecimentos, as melhores expressões da minha estima e consideração.
Atenciosa e cordialmente patrício e admirador – Procion Serpa” (Carta do Rio de Janeiro, RJ, s/d).
FON-FON: “Os doutores Raimundo Girão e Antônio Martins Filho acabam de lançar à publicidade um livro de cerca de 500 páginas, intitulado O Ceará. O livro em apreço é um estudo completo e minucioso da gloriosa terra alencarina, uma valiosa demonstração, digna dos mais justos encômios, do que é o Ceará atual, como expressão dinâmica de vida e de progresso. Colaboram em tão útil quão importante trabalho os nomes mais representativos das letras cearenses. Com os drs. Martins Filho e Raimundo Girão o Ceará e os cearenses acabam de contrair uma inegável dívida de gratidão, pela rica contribuição desta obra, que é um retrato, autêntico e perfeito, do Ceará, oferecido a coevos e pósteros” (Revista semanal, editada no Rio de Janeiro, RJ, ed. de 16/03/1940, p. 41).
FRANCISCO CARVALHO: “É livro para ser lido com interesse e curiosidade, sobretudo com ternura, uma vez que em suas páginas ressurge, cálido e fecundo, o sopro neutralizador de antagonismos que fez do nosso povo e da nossa terra, símbolos perenes de uma civilização consolidada pelo martírio” (Jornal O POVO, de Fortaleza, CE, ed. de 03/07/1967).
GERALDO DA SILVA NOBRE: “Iniciativa dos doutores Martins Filho e Raimundo Girão foi a publicação do primeiro O Ceará, agrupando informações gerais sobre o Estado, o qual repercutiu muito no meio da intelectualidade local e na de outros centros populacionais do Brasil, levando a 2 (duas) reedições, a exemplo da primeira logo esgotadas permanecendo, não obstante sem atualização no tempo, como um testemunho indiscutível da visão amplíssima dos responsáveis pela publicação, assim como de quantos nela colaboraram, estudiosos da história, da geografia e da antropologia pertinentes ao passado e ao futuro dos cearenses, ao mesmo tempo assegurando a imortalidade – para sempre – dos responsáveis aqui exaltados por mérito próprio” (REVISTA DO INSTITUTO DO CEARÁ, vol.116, de 2002, p. 260).
O GLOBO: “O Ceará – O Governo do Estado do Ceará vem de nos ofertar um trabalho de autoria dos Srs. Raimundo Girão e Antônio Martins Filho, sobre a terra e os costumes cearenses. Trata-se de uma obra bastante interessante, que focaliza o desenvolvimento daquele Estado nortista, através dos seus homens, suas coisas e os seus fastos. Por ele, todos poderão ter uma idéia do progresso e da situação econômica do Estado, nos seus aspectos gerais” (Jornal do Rio de Janeiro, RJ, ed. de 18/03/1940).
J. FIGUEIREDO FILHO: “Tive o prazer de receber O Ceará, dirigido por você e o Martins Filho. Está ótima a edição, que bem recomendará o Ceará, em todos os pontos de vista, por aí afora”. (Carta do Crato, CE, de 14/11/1947).
JÔNATAS SERRANO: “RETRATO DO CEARÁ
Todo brasileiro de certa responsabilidade deveria conhecer o Norte e o Sul, o litoral e o hinterland, para melhor compreender as coisas pela visão pessoal, que nenhum outro meio logra substituir de modo completo. Hoje, graças ao cinema, os que não podem ou não querem viajar, conseguem fazer uma idéia das várias regiões do país (e até do mundo inteiro), por que são cada vez mais freqüentes e interessantes os filmes documentários de assunto geográfico. Bastaria lembrar, para o conhecimento das terras mais distantes, alguns dos magníficos trabalhos de Fitzpatrick, coloridos e sonoros, que nos permitem visitar o Taj Mahal, por exemplo, na longínqua Agra, sem maior despesa nem riscos de travessia oceânica. Aqui mesmo alguns dos complementos nacionais atingem grau apreciável de acabamento e facultam ao público freqüentador da Cinelândia a visão aproximada de sítios pitorescos ou justamente célebres dos diferentes Estados da Federação. Nem estará porventura muito longe o dia em que se pensará em organizar com caráter rigorosamente científico e sob os auspícios do poder competente, um curso completo de corografia brasílica em série de filmes de medida universal, redutível à de 16 para utilização mais fácil nas aulas dos cursos oficiais. Só o cinema permite este milagre: se não podemos ir a todos os pontos do planeta, eles vêm a nós e cabem nos limites apertados de uma sala de projeção…
Mas o cinema ainda não substitui definitivamente o livro, se é que algum dia o virá a substituir. E as publicações informativas e bem documentadas sobre as várias regiões do Brasil merecem aplauso, auxílio eficiente e constituem obra de sadio patriotismo. Tal o caso deste volume recentemente elaborado e publicado em Fortaleza pelos Srs. Raimundo Girão e Antônio Martins Filho, sob o título simples e expressivo – O Ceará.
Os próprios autores observam inicialmente que poderiam ter denominado o seu livro Retrato do Ceará. E explicam o porquê: ‘Este livro é um documentário. Um repositório de criteriosos estudos e valiosas informações que fotografam o Ceará com precisão e nitidez’. Quem percorrer as suas quase quinhentas páginas, de formato grande, concordará com a afirmativa. Colaboram na obra os nomes mais representativos da terra de sol e não foram esquecidos os múltiplos aspectos da grande realidade cearense: desde a controvertida origem do próprio topônimo até a minuciosa informação particularizada de cada um dos Municípios do Estado.
O ótimo é inimigo do bom, diz a sabedoria popular e com razão. Se os esforçados autores deste volume tivessem desanimado ante a magnitude da tarefa, a incerteza de alguns dados estatísticos, a impossibilidade de imprimir um volume de tal porte em papel de luxo, com requintes de arte fotográfica e litográfica, ou em fotogravura, à americana, teríamos ficado privados desta contribuição realmente digna de aplauso e imitação. E digo de imitação, porque o ideal seria que para cada unidade da Federação já possuíssemos um volume análogo. E, com o auxílio oficial e graças aos admiráveis recursos de que hoje dispõem as artes gráficas, não constitui mais utopia a idéia de uma vasta coleção corográfica, em que não somente os Estados, mas pouco a pouco os Municípios e cidades mais importantes venham a ter volumes especiais, quais os que existem na Europa para as localidades famosas e de interesse turístico.
Ler este livro sobre o Ceará equivale a uma viagem pela imaginação às zonas requeimadas e ferazes em que o juazeiro se ergue em desafio ao sol, tanto mais resistente quanto mais escaldante a inclemência da soalheira, símbolo eloqüente do próprio homem do Nordeste, que não se dobra ante a rudeza do seu habitat. É rever, se lá por ventura já estivemos, os carnaubais intrépidos, os açudes espelhantes, os sertanejos de chapéu de couro e quiçá a própria vertente escarpada da longínqua Ibiapaba. E, em contraste flagrante, a agitação estuante de vida, o movimento e a audácia construtiva da capital cearense, cujo progresso, de 1930 para cá, surpreende aos que a visitaram antes e a revêem agora.
Esta viagem pela imaginação eu a fiz, ao ler o volume O Ceará, recordando as primeiras impressões que experimentei ao percorrer o interior do Estado, em 1938. E foi com saudade que fechei o livro…” (Rio de Janeiro, RJ, 1940).
JORNAL DO BRASIL: “O Ceará – Editora Fortaleza – 1939. Oferecido pelo Governo do Estado do Ceará, folgamos em acusar o recebimento de um exemplar do cuidadoso livro, elaborado pelos doutores Raimundo Girão e Antônio Martins Filho, intitulado O Ceará, e que constitui, inclusive pelo zelo e probidade que o inspiraram, um magnífico repositório de informações úteis e indispensáveis sobre o homem, a terra e os fatos cearenses. Ajunte-se a isso o bom trabalho gráfico, da Editora Fortaleza, e se terá uma idéia, pálida, do valor desse documento do grande Estado nortista” (Rio de Janeiro, RJ, ed. de 29/03/1940).
LUIZ ABS DA CRUZ: “VISITANDO O CEARÁ Em uma semana apenas eu fiz uma visita ao Ceará. Sem sair de Porto Alegre. Cômodo e barato. E fiquei encantado. A Editora Fortaleza editou uma obra de notável valor patriótico, que intitulou simplesmente O Ceará, de Raimundo Girão e Antônio Martins Filho. É um repositório de estudos de valor sobre as questões do nordeste brasileiro, seus problemas e a solução que o homem tem dado às incógnitas que a natureza bárbara lhe apresenta. A coletânea foi feita magistralmente. Mais do que um comentário regionalista, é um verdadeiro tratado geográfico. Todas as localidades do Estado são aí amplamente apreciadas, sob vários aspectos: área; área em relação ao Estado; posição geográfica; altitude; distância da Capital por estrada de rodagem, férreas, aéreas e linhas marítimas; população absoluta e relativa da sede municipal; número de prédios existentes; categoria judiciária com os termos; divisão administrativa com os distritos. A seguir, um histórico da formação política, eclesiástica e um estudo etimológico sobre o nome da localidade. Logo, a parte física, com orografia, potamografia, acidentes litorâneos. Na parte econômica faz um estudo amplo dos seus recursos. As matas com o ouro verde de suas frondes. Árvores oleaginosas, forrageiras, medicinais, têxteis, tintureiras, etc. O solo com os ricos veios minerais. As águas, atirando na praia, de presente, o sal que se transforma em luzidias moedas dos bancos do Estado. As indústrias com o número de fábricas. O comércio e os mercados. O nível intelectual com as escolas primárias, secundárias, normais ou superiores e a orientação que possuem. Associações culturais ou de beneficência. Edifícios importantes. Arrecadação do fisco, etc. Termina o capítulo com a relação dos filhos da localidade, que se impuseram com suas virtudes cívicas e alto valor moral e intelectual. Mas, dirá o leitor, isto tudo de cada município? Sim. Dos 78 municípios do Estado. É uma obra de fôlego. De grande valor. O retrato do Ceará, do grande Estado flagelado. Engana-se, porem, quem julgar esse livro precioso um simples repositório de dados estatísticos. Palpitantes assuntos são abordados em excelentes artigos, alguns dos quais citaremos aqui: Hábitos e Costumes Cearenses; História da Literatura Cearense; Rendas e Labirintos do Ceará; Tribos Indígenas; Panorama Econômico; O Direito e Justiça no Ceará; História da Medicina no Ceará; História Eclesiástica; A Educação no Estado; Evolução social do sertão; A Cidade da Criança; A Serra da Ibiapaba; A Carnaúba, e apreciações das Faculdades, Laboratórios, Ginásios, Academias de Letras, Fábricas, etc. O cidadão que quiser saber o que é qualquer um dos 78 municípios com seus distritos, que existe por lá; bastar-lhe-á compulsar esse trabalho monumental de 470 páginas agradáveis e instrutivas. Por que não tornamos o Rio Grande conhecido, assim dos próprios gaúchos e dos nossos irmãos brasileiros?
Seria oportuníssimo que o Conselho Regional de Geografia tomasse a iniciativa. O Instituto Histórico e Geográfico poderia dar uma contribuição valiosíssima.
E numerosos intelectuais, escritores de renome, poderia cooperar com páginas preciosas que engrandeceriam o pago.
Mas, por favor, nada de ‘panelinhas’ da sorte, de apadrinhamentos.
Caso contrário, apresentar-se-ão culturas de fancaria, a nos dar conceitos deste calibre: a galinha é geração espontânea do ovo… E então, os que lessem o livro do Rio Grande deparariam dissertações modernas, ao lado de artigos de um século passado…
Aí fica a sugestão para o Conselho Regional de Geografia. Na época em que se procura estimular o sentimento de unidade nacional seria oportuníssimo que se fizesse, a exemplo do Ceará, o Brasil mais conhecido dos brasileiros” (Porto Alegre, RS, 1940).
NORONHA SANTOS: “Muito penhorado a gentileza da oferta de O Ceará, acuso o recebimento dessa preciosa obra, riquíssimo repositório de informações históricas e geográficas desse Estado nordestino.
Interessado vivamente por assuntos brasileiros, li com a maior atenção o trabalho publicado sob sua direção, muito tendo aprendido acerca desta Unidade da Federação.
Obra meritória e digna de louvor, O Ceará constitui, sem dúvidas, a mais completa monografia concernente a expansão econômica e social do Estado” (Carta do Rio de Janeiro, RJ, em 18/11/1947).
OTAVIANO PEREIRA DE ALBUQUERQUE: “Ilmº Sr. Dr. Francisco Menezes Pimentel
Interventor Federal no Estado do Ceará
Saudações muito atenciosas
Acompanhado de um delicado cartão do patriótico e operoso governo de V. Ex.a recebi, ontem, o volume – O Ceará -, que com carinho compulsei e li, por ser essa obra um repositório fidedigno e minucioso de quanto diz respeito desse glorioso Estado, que é uma das mais luminosas estrelas da bandeira pátria, tendo, em todos os tempos da atividade humana, quer nos refiramos às lides do espírito, quer às materiais, graças às energias de seus filhos insignes, ocupando lugar de destaque no decorrer da nossa vida nacional. Sacerdotes ilustrados e modelares no exercício constante das mais peregrinas virtudes, estadistas esclarecidos, soldados legendários, que se podem igualar aos mais valorosos cabos de guerra dos mais famosos países, cultivadores das ciências e da literatura em todas as suas províncias, artistas, agricultores, industriais e comerciantes que, secundando no amanho das forças materiais, a ação espiritual daqueles, têm todos concorrido, tenaz e eficazmente, no perpassar dos tempos, para completar a grandeza do Ceará, onímodo progresso e aperfeiçoamento.
A meu ver, Senhor Interventor, é o Ceará um dos mais admiráveis Estados do Brasil, porque os seus filhos vivem sempre a lutar contra as agruras atmosféricas, que, apesar de repetidas, não conseguem triunfar do amor devotado, que eles, em sua maioria, consagram à terra que lhes foi berço.
E, se, temporariamente o abandonam, logo que os Céus se amenizam para os seus amadíssimos penates, voltam sorridentes e felizes por uma confiança extraordinária na misericórdia divina, de que o mal não se repetirá.
Agradeço, pois, senhor Dr. Interventor, o precioso mimo e faço votos pela perene felicidade privada e pública de V. Excia. e do glorioso Estado que, com sabedoria cristã, está governando.
De V. Ex.a grande admirador e devotado Dom Otaviano Pereira de Albuquerque – Arcebispo (Carta de Campos, RJ, de 12/04/1940).
O POVO: “Um livro de fôlego sobre o Ceará é esse que Raimundo Girão e Antônio Martins Filho acabam de elaborar e que se encontra desde poucos dias exposto ao público ledor.
Raimundo Girão, advogado estudioso, ex-prefeito de Fortaleza, juiz do extinto tribunal de Contas do Estado, figura de prol no Rotary Club desta Capital, é um espírito meticuloso de organizador.
Antônio Martins Filho é um idealista do trabalho cultural, um incansável lutador das letras, o homem que funda tipografias, lança revistas de letras, edita livros, com uma crença de fanático no êxito de suas empresas, em meio tão sáfaro, empresas que, afinal, vencem!
Pois foram esses dois homens invulgares, esses dois incorrigíveis otimistas que se aliaram para levar a fim esse livro de cerca de quinhentas páginas, em que reuniram colaborações as mais substanciosas, monografias, estudos, dados, informações, históricos, tudo enfim, que interessa à vida cearense.
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Além desse copioso e admirável trabalho de colaboração, cuja substância seria desnecessário por em relevo, o livro encerra matéria editorial preciosíssima, no que toca à geografia política, física, econômica e histórica do Ceará.
Letras, artes, ciências, comércio, indústria, agricultura, administração – todos esses ramos são detalhadamente compendiados no livro ora lançado pela Editora Fortaleza.
Para essa obra de raro valor e inconteste utilidade, pedimos a atenção não só do público, mas, especialmente, do Governo do Estado, da Municipalidade, do Departamento da Educação” (Jornal de Fortaleza, CE, ed. de dezembro de 1939).
RAIMUNDO ARAÚJO: “O Ceará é um livro que, pelo seu conteúdo, honra, enobrece, orgulha e eleva mais e mais a heróica e boa terra dos mares verdes” (DIÁRIO FLUMINENSE, Rio de Janeiro, ed. de 12/03/1968).
REVISTA DA SEMANA: “Nas suas 470 páginas este volume é, sem favor, um retrato fiel, o mais fiel dos retratos que se poderia desejar do Ceará de hoje, em pleno apogeu de sua evolução. É um documentário impecável da vida e dos progressos da grande unidade da Federação fixando, com brilhos e com documentos, o homem e as coisas cearenses. É um trabalho que se recomenda pelo esforço que representa e pela elegância da linguagem em que foi escrito. O Ceará nos permite uma visão de conjunto do grande Estado e lendo-o fica-se conhecendo melhor essa terra heróica, cheia de glórias e de serviços ao Brasil” (Rio de Janeiro, RJ, 1940).
Fortaleza, setembro de 2011.
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