Sobre Luisinho Girão e Celso Girão
ALGO SOBRE MINHA CONVIVÊNCIA COM LUISINHO E CELSO
(Por Dr. José Eduilton Girão)
Em 1951, o inverno foi regular, ao contrário do ano anterior, em que houve excesso de chuvas, causando alagamentos e arrombamento de muitos açudes e barragens. Foi quando, em julho, o Girão Carneiro, meu pai, levou a família e o seu gado para o Campestre, uma propriedade distando poucos quilômetros ao norte da Nova Morada, nossa casa, no Canto da Onça. No Campestre, havia uma pequena casa, uma manga de pastagem suficiente, além de uma lagoa que dava para o consumo humano e dos animais. Durante aquele mês de férias escolares, a nossa casa-sede acolheu os estimados Celso e Luisinho, assim como Mariinha, sua mãe e o avô materno deles, o Heráclito Machado.
Eu, então com oito anos incompletos, cheguei a acompanhar papai nalgumas vezes em que ele veio estar com os seus estimados primos. Aquela presença familiar e amiga, além de nos honrar e alegrar, nos ensejava demonstrar a gratidão pela acolhida que Sousa Girão e família deram, em Fortaleza, ao casal Jovem e Girao quando este, em 1934 procurara a Capital, na busca de tratamento de saúde. Luisinho, ainda de peito, chegou a se nutrir do leite de mamãe, que ainda estava amamentando o Luiz, o meu irmão e que ficara na Morada Nova.
Naquelas férias, não estou certo se Luisinho e Celso usufruíram das opções habituais de lazer do sertão, mas me recordo de uma experiência em que eles acompanhavam as horas, ao observar a evolução da sombra que o sol fazia, durante o dia, sobre uma vara de marmeleiro. Minha memória afetiva ficou vivamente marcada pela postura fraternal daqueles. Algo de simples, mas muito marcante também, foram o baião de dois e o café donzelo, muito saborosos, preparados por Mariinha, e com os quais eu, anos depois quando já morando no NEC (Quartinho) do Luisinho, em Fortaleza, viria novamente a me deliciar.
Luisinho Girão
Heráclito, com seus hábitos trazidos do Riacho do Sangue, onde nascera, também se destacava, posando de autoritário, costumava ralhar com os jovens, usando uma expressão que era sua marca ( – você tá é cego, seu cabra…). Ele tinha o capricho de só comer coalhada se feita de leite cru, mas era muito bem humorado e animava o grupo. Das suas, uma façanha era a habilidade em pegar e derrubar gado, no mato, o que, naquele tempo, foi testemunhado por meu pai. Assim é que, certa vez, ele montando o cavalo Cardão e papai, o Alazão, foram à procura de um boi desgarrado. Avistado, de longe, o animal embrenhou-se na caatinga, com o que partiu Heráclito, de imediato, em sua perseguição. Papai, no cavalo menos possante, logo os perdeu de vista, mas, sem muita demora, vislumbrou o boi, já derrubado, imobilizado no chão por Heráclito e sendo devidamente mascarado para ser levado de volta para o rebanho.
Não me recordo de outras visitas de todo aquele grupo ao nosso sertão, exceto quando ao Luisinho, que, para M. Nova, voltou várias vezes, algumas delas coincidindo com a ida de outros primos estimados (Guilherme e Roberto do Chel, Carneirinho do Benigno, Sílvio Oderp do Alberto e Aroldo do Benjamim).
Em Fortaleza, vim para morar no final de 1956, depois de concluído o Curso Primário, em M. Nova (Escola Egídia Cavalcante Chagas).
Fiquei hospedado, no começo, na residência de Luiz, irmão meu.,no bairro Jóquei Clube, bem acolhido por ele e sua esposa (Cecília). Estudei no Liceu, durante os sete anos do Ginasial e Científico, sendo, pelo menos nos dois primeiros anos (turno da manhã) aluno de alguns professores notáveis, como Olavo Sampaio e Manoel Lima Soares (o Néo), ambos, aliás, também destacados advogados.
Já no começo de 1958, Carlos (o Carlóis do Sousa) e sua esposa – Nenê (Maria) durante umas férias que tiveram em M.Nova, insistiram e eu aceitei de bom grado vir morar com eles, até por não lhes ter nascido ainda a sua filha – Valéria. Na rua Ana Neri, entre a avenida João Pessoa e a rua Machado de Assis, o local era mais próximo e de mais fácil acesso, por ônibus, para a Praça Jose de Alencar, de onde eu cobria, a pé, os dez quarteirões da rua Liberato Barroso, até o colégio.
Após alguns meses, fui convocado por LUISINHO, para morar na sua república de estudantes (Núcleo de Estudos Científicos – NEC, carinhosamente chamada de Quartinho). O NEC foi ereto nos fundos da casa do endereço número 4.060 da Avenida João Pessoa, do patriarca Sousa Girão, onde ainda moravam Mariinha e Celso, ainda não casado com a Wilma, filha do senhor João Matos.
Havia apenas um cômodo – que se prestava para estar, estudar, conversar e dormir, com um pequeno banheiro. À tal limitação física, se opunha uma grandeza imensurável de fraternidade, gosto pelo estudos e o grande valor humanístico e humanitário de Luís e seu mano Celso.
Além de Luisinho e eu, o Quartinho recebia outros estudantes. Airton do Zuca da Peta, meu primo pelo lado da tia Lulu, lá tinha morado, durante uma parte do seu curso secundário no Liceu. Por lá já passara também Salvador, outro estudante secundarista, antes de entrar no curso de Agronomia da UFC.
Outros usuários do NEC, no meu tempo, eram o Celso, irmão de Luisinho, em fase de conclusão do Curso Clássico e depois na Faculdade de Direito; Assis Serra, casado com Celina do Sousa, pai de Thânia, Áurea, Fábio e Newton e Dentista atuante em Fortaleza, estava concluindo o Curso Médico da UFC; Sílvio Oderp, de Alberto e Celeste, na preparação e depois na Faculdade de Engenharia; Haroldo Cavalcante, idem, idem na Física e Sydney da Stela do Jaime e Raimundo Hilton, idem idem da Veterinária. O Guilherme, da Marizita e Chelzinho, já tendo concluído o Curso Secundário, embora sempre ligado às suas funções no DNER e no Expresso de Luxo, não se esquecia de marcar presença ao nosso convívio. Era infalível, ali, sua frequência e alegre participação quando dos intervalos de suas idas e vindas à casa da sua querida Estrêla pilotando garbosamente a sua vistosa e possante lambretta. A integração do “Gêgê” aos demais membros “habituê” do “Quartinho” nos dava imenso prazer e satisfação pela sua presença alegre e cordial entre todos.
Um dos temas a nos empolgar era a causa da paz mundial, abraçada, sobretudo, pelo grande filósofo e matemático, o lorde inglês Bertrand Russel. A ele Luisinho sempre teve uma devoção particular, adquirindo-lhe toda a obra disponível nas livrarias de Fortaleza e divulgando, por ocasião da data aniversária de Russel, o seu grande valor e sua corajosa atuação pacifista, o que o tornou um autêntico cidadão do Mundo. Também por ele, Luisinho registrou como Bertrand o seu filho primogênito, o qual, por coincidência muito feliz, herdou do seu pai um imenso patrimônio humanitário, cristão e, por que não dizer, russeliano, também.
Tínhamos certa antipatia pelos Estados Unidos da América, mercê de muitas das suas posturas, de ranço imperialista e suas espertezas nas relações comerciais como o nosso País. De outra parte, quanto à União Soviética, admirávamos apenas os paradigmas do socialismo, mas deplorávamos também a ditadura de estado, opressora e cruel, que lá existia.
Os temas políticos atinentes ao nosso País e ao Mundo eram o que mais nos despertavam interesse. Em termos de política no Brasil e no Ceará, torcíamos pelas figuras que tinham uma postura de decência e comprometimento com o bem comum; tivemos um entusiasmo fugaz com o Janio Quadros; vibramos com a defesa do Brizola e dos gaúchos pelo posse do Jango e nutrimos justificada confiança no governo deste.
Naquele cenário de esperanças para o nosso País, fomos arrebatados pela candidatura do Blanchard (foto) para a Deputado Estadual, mercê de todos os seus valores.
Blanchard Girão
Recordo-me de sairmos pelas ruas colando retratinhos daquele candidato e termos feito várias viagens a Morada Nova, estimulando as pessoas para sufragarem o nome dele. Vibramos com sua eleição, diplomação, posse e, mais ainda, com sua atuação marcante no nosso legislativo estadual.
Em 1964, sofremos juntos pelo advento do golpe de estado, o que foi agravado pelo aprisionamento e cassação dos Direitos Políticos de Blanchard e muitos outros. A tragédia se configurou, com o suicídio do Doutor José Augusto Ribeiro, pai de Blanchard, transtornado pelo que lhe fizeram com aquele filho amado.
As visitas a Blanchard e seus companheiros de prisão, todos os fins de semana, por mais de oito meses, no quartel do 23º. Batalhão de Caçadores (23 BC), na Avenida Treze de Maio, se constituiu para nós e muitos outros admiradores daqueles vultos valorosos, como que uma romaria dos nossos fins de semana. Participamos, com entusiasmo, de alguns movimentos para angariar ajuda financeira para aqueles presos, sendo um deles a venda, porta a porta, de um disco em vinil, contendo crônicas natalinas de autores cearenses, dentre as quais uma de Blanchard, e que foi lançado em dezembro de 1964. Se o resultado financeiro do empreendimento foi compensador, não me recordo, mas sei que aquela obra, depois gravada em CD, além de constituir uma relíquia, tem um grande valor artístico.
Naquele ambiente do NEC, transbordavam civismo, amor à ciência e às artes, amor à natureza, amor ao próximo e à humanidade. Ademais, tínhamos como nos alimentar fartamente do grande manancial de livros, ideias e discussões sobre os mais variados temas.
Luís tinha um único e saudável vício – o de comprar livros. Havia livros das mais variadas ciências básicas, divulgação científica, história, filosofia, literatura brasileira, línguas, crítica social e muitos outros assuntos. Assim, nós, os seus dependentes intelectuais e convivas, praticamente não necessitávamos de fazer dispêndio com a aquisição de material para os cursos regulares que fazíamos (Ginasial e depois Científico), nem mesmo para a preparação ao Vestibular.
Ao que ele nos dizia, o projeto do Luisinho era ser médico, profissão que muito lhe seria adequada. Passaram-se alguns anos e ele não ousou fazer aquele exame introdutório à universidade. Não nos justificava a razão, mas é fácil entender que aquele esquema de estudo dirigido, tipo decoreba, sobretudo pela competição, não era do seu feitio. Por uma hipotética determinação transcendental, ele receberia com justiça o título de Médico. É que muito próprias lhe são todas aquelas primícias da boa prática das Ciência/Arte de Hipócrates: acolhimento, o ânimo de bem cuidar e a generosidade para com as pessoas fragilizadas pela doença ou pelo sofrimento. Enfim, o amor ao próximo, como ditou o Médico dos Médicos.
Não é raro ocorrer que jovens sejam céticos quanto aos dogmas da religião, chegando a duvidar até da existência de Deus. Luisinho se dizia agnóstico, o que, se não afetava fortemente a minha fé em Deus, levava-me – e ainda me leva – a questionar muitos dogmas. Restringíamo-nos, geralmente, a criticar muitos aspectos – nada cristãos - da Igreja Católica, como a Inquisição, que vitimou, dentre tantos, o notável Giordano Bruno, cuja lembrança sempre enaltecemos e em cuja homenagem o Luisinho nominou a sua primeira filha (Giordana).
Na miopia de um olhar tendencioso, Luis com suas idéias pode ter parecido um anticlerical. Tomando-se o senso literal, o foi, mas anti-cristão, jamais !
O rigor de uma avaliação isenta permite, sem favor, colocá-lo naquela parcela das pessoas que enobrecem a Sociedade Humana e nos permite achar que o Advento de Jesus Cristo e a sua Paixão não foram em vão.
A exemplo do pai e dos irmãos, ele tinha uma inquietude bendita na doação de si próprio e no fazer. Fazer o possível, a favor da humanidade. Se mais não fez, ponha-se isto na conta de limitações de ordem material, nunca, na inércia afetiva.
Pelo seu afeto universal para com as pessoas, costumava tratá-las carinhosamente no diminutivo, como o fazia o inolvidável poeta de Ipanema. Comigo tratava muitas vezes como Zezinho, até, pelo menos, eu ficar mais crescido. Ele próprio, por merecimento e por ser filho de um Luís, ganhou o carinhoso tratamento (Luisinho).
Dentre as amenidades de que nos ocupávamos no Quartinho, uma era a escuta, pelo rádio, dos jogos da seleção brasileira de futebol, o que nos foi motivo de grande comemoração pelos campeonatos de 1958 e 1962.
Houve uma época em que um dos nossos habitués (Haroldo Cavalcante), se acompanhava, ao violão, cantando músicas da nascente bossa nova, algumas das quais (como O Pato), àquela época, me pareciam chatas. Àquele tempo, pelo Quartinho apareceu um rapazote se enfronhado de musicista e que nos foi apresentado como Rodger Rogério.
Do Luisinho, recebi o meu primeiro salário. Eu, ainda na adolescência, passei a trabalhar no Cartório Girão (Primeira Escrivania do Crime, Júri e Execuções Criminais), onde ele era Escrivão Substituto, então respondendo pela titularidade. Sem vínculo oficial, por ser menor de idade, recebia uma quantia que ele tirava do seu ganho. Sucede que, além da moradia, ele quase sempre me propiciava o transporte do ônibus e a alimentação, de modo que, ao fim do mês, me sobrava algum dinheiro que, muitas vezes, eu chegava a emprestar para ele – gastador contumaz na compra de livros e de esmolas generosas dadas aos pedintes. Para mim, foi muito útil aquele trabalho, por alguns motivos: pude me manter financeiramente; aumentei minha auto-estima e ganhei habilidade de datilografia e redação.
Sobre o nosso Luís, aqui referido, cabe também ter ele uma bela prole, alguns formados: além de Bertrand e Giordana, vieram Adriana Suellen, Lilian Stéfane e Thales, os quais, a exemplo dos dois primeiros, são jovens que aliam à formosura o bom caráter, a inteligência e amor ao próximo.
(EàD): Stéfane, Suellen, Teresinha, Thales, Luis, Bertrand e Giordana
Nos últimos anos, minha convivência com Luisinho e sua família foi muito menor do que eu desejava, encontrando-nos quase somente em reuniões maiores da família Girão, perdendo, assim, muito de tão benfazeja convivência
O seu desenlace aconteceu muito antes do combinado, restando-nos, enternecedora e estimulante, a memória da sua pessoa grandiosa e o dever de seguirmos, dentro das peculiaridades de cada um, os seus sábios ensinamentos.
Celso Girão
Quanto a CELSO, mais velho do que Luis era por este sempre chamado de Celsinho, mesmo depois de ter nascido o outro Celsinho este filho do primeiro.
Na casa da Avenida João Pessoa, número 4060, vizinha à esquina com a Rua Ana Nery, Celso morava, ao tempo do meu convívio com os Sousa Girão, apenas com Mariinha, a mãe (Luisinho dormia no Quartinho, embora fizesse refeições geralmente na referida residência . Lá, depois, foram adequadamente acomodados também a esposa Wilma e, a seguir, os filhos do casal (Rachel, Cacilda e Celso Júnior).
Quando estudante, Celso acordava cedo da madrugada, fazia café, do qual me levava uma xícara e, pelo quintal ia para o NEC, estudar as matérias do seu interesse. Era um bom latinista e purista do nosso idioma.
Não teve dificuldades para ingressar, de primeira, no Curso de Direito, o qual completou brilhantemente.
Conosco – os demais usuários do Quartinho – mantinha uma boa convivência e partilhava de praticamente todas as nossas posições sobre os temas de interesse público.
Gostava de boa música, com certa predileção para canções clássicas, especialmente as italianas.
Ainda solteiro, assistia, com grande frequência, os filmes, geralmente muito bons, no Cinema São Luiz. (Naquele tempo os divertimentos televisivos não tinham, ainda, se apossado dos lares dos brasileiros).
(E à D): Wilma, Celso Júnior, Celso Luis e Cacilda
Mesmo muito dedicado aos estudos, inicialmente no Liceu e depois na Faculdade de Direito da UFC, servidor público exemplar. Em funções de nível médio deu toda a sua competência e seriedade, em períodos sucessivos, à Primeira Escrivania do Crime, Júri e Execuções Criminais (Cartório Girão), Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e Instituto de Aposentadoria e Pensões do Industriários ( IAPI).
Bacharelado, com distinção, galgou, por concurso, a função de Juiz de Direito, a qual exerceu em várias comarcas do Interior do Estado, até alcançar o ápice da carreira (4ª. Entrância ), em Fortaleza.
Então, os meus contatos com ele e a sua família eram menos freqüentes, mas soube, por várias fontes, inclusive por colegas seus de magistratura, que ele continuava um trabalhador compulsivo. Com efeito, ao presidir sessões do Júri Popular, aproveitava, sempre que possível, para fazer despachos em processos da sua Vara. Consta, até, que, dependendo do momento da sessão, no qual a presença do Juiz não fosse indispensável, aquele magistrado chegava a realizar, em sala vizinha, audiência para tomada de depoimentos, em processo diverso, no qual alguma parte havia sido inadvertidamente convocada.
Soube também que ele era muito prestativo para com juízes e outros servidores da Justiça, se solicitado.
Nos fins de semana, em sua residência, completava tarefas que eventualmente tivessem restado dos dias úteis. A respeito, confessou-me ele, certa vez, que a conclusão de uma sentença processual lhe trazia grande bem estar, também na parte orgânica, inclusive no próprio funcionamento intestinal…
Usava o tempo livre para leituras, com destaque aos compêndios de Direito, e ao convívio sadio com a família.
Para reuniões sociais, comparecia àqueles que mais lhe tocavam com as da Convenção da Família Girão, outrora promovidas por Luisínho.
No que me concerne tive a alegria e a grande honra de contar com sua presença no Aniversário de Quinze Anos de Milena e o Casamento de Evelyne, minhas filhas.
A sua saúde parecia boa, de modo que o seu súbito desenlace me foi, além de muito dolorido, surpreendente.
Recentemente regozijei-me ao saber que o seu neto ( Luís Eduardo Girão Mota, filho de Rachel e Fernado Sobreira Mota), exerce a nobre carreira de Juiz de Direito, que o avô tanto honrou.
CARTÓRIO GIRÃO – SAUDADES DO SERVENTUÁRIO LUISINHO GIRÃO
Percepção. Análise. Meticulosa observação dos fatos. Tudo contido num livro homenagem que prima por ser detalhista. Seu autor: Luís de Sousa Girão. Revelava um pensador natural para as dissertações minudentes. Profissional de serventia judiciária da safra antiga dos vocacionados ao mister de Justiça. Luis Girão, o Luisinho do Cartório Girão, virou saudade. Todos vão lembrá-lo como personagem central das homenagens que ele tanto preservava em vida, observando o feito de outras personalidades de relevo desta cidade, deste Estado. A biografia funcional de um homem cuja dinâmica marcou época no Judiciário do Ceará pela singeleza de ser discreto. Luisinho Girão na dimensão da atualidade que não passa, quando o exemplo é de grandeza. Do Cartório Girão para a administração dos trabalhos processuais dos acidentes de trânsito, o Luis Girão reservava parte do seu tempo para escrever livros voltados à literatura, com homenagens e homens públicos de real valor. Trabalho, num relato de carinho condensado em livros ilustrados para ficar na memória. As verdades dos seus livros sempre repercutindo pela satisfação dos seus personagens merecedores do respeito e da admiração de todos. Os mesmos que agora pranteiam a sua partida prematura aos paramos do além. Luisinho deixa sua prole num clima de muita sensibilidade. A esposa, dona Terezinha Girão, os filhos Bertrand, Giordana, Adriana, Lílian Stefane e Thales fizeram o registro da partida do Luisinho e, de logo, sua família de amigos e admiradores uniram-se na despedida, perpetuando as doces recordações que ficarão perenes por descreverem um cidadão do bem.
Paulo Eduardo Mendes (Jornalista)
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