Preito de gratidão e reconhecimento ao mérito
Quem somos? De onde viemos? A pergunta que fatalmente cada um de nós, algum dia já se fez, está prestes a ter uma resposta. Depois que a genética se aliou à genealogia, ficou cada vez mais fácil descobrir as raízes de nossos antepassados: nobres ou plebeus, ricos ou pobres, com ou sem título acadêmico!
– Todo mundo tem, certamente, uma imensa curiosidade de conhecer um pouco mais sobre suas origens.
Em todas as sociedades conhecidas, se algo distingue uma pessoa da outra, este algo foi, e sempre será, o seu SOBRENOME, ou seu nome de família. E hoje, pertencer aos Girões, tornou-se sadio orgulho para todos os que ostentam o patronímico Girão, tamanha a força que ganhou a família ao longo dos tempos pelo estilo de honradez, conceito e tradição que sempre a notabilizou.
É da tradição, sem dúvidas, que se nutre a alma de uma nação, de uma sociedade, de uma família. Das relíquias do passado é que seus filhos retiram as forças com que vencerão no futuro. Difundir, pois, o conhecimento da história dos Girões, particularmente de seus mais ilustres filhos, é o grande dever de todos nós. Essa referência de gratidão nos desvenda a grandeza moral e o orgulho de que se valeram, cobriram-se e se fortaleceram, nas pelejas pelo crescimento e projeção da família – quando souberam conservar e honrar o nome e os valores dos Girões – os nossos saudosos antepassados.
O reconhecimento do mérito excepcional aos que mereceram tributo sempre foi raro entre as pessoas. Daí a necessidade do culto aos bravos e heróicos vultos dos Girões que já se foram e resgatar-lhes o direito às honrarias do mérito privilegiado de que foram merecedores. Este registro histórico desenvolve nosso sentimento de veneração, perpetua e exalta a virtude para o estímulo dos moços e incentivo às suas gerações. A força dos exemplos que nossos antepassados deixaram marcou sulcos fortes e indeléveis na história e sempre servirão de lições para o presente e o futuro dos nossos pósteros.
Atento a estes conceitos, luziu-me a idéia de escrever a história de nossos ancestrais e desenvolver sua vasta genealogia.
De início, objetivando à praticidade, adotei por complementá-la em fascículos ou opúsculos, começando por cada uma das gerações de três irmãos filhos do casal patriarca dos Girões – ANTÔNIO JOSÉ GIRÃO e MARIA JOSÉ DE JESUS (já publicados), a saber: Fascículo I – Dedicado aos descendentes de FELÍCIA CARNEIRO GIRÃO e GUILHERME REGINO DE OLIVEIRA; Fascículo II – refere-se à filiação de INÁCIO CARNEIRO GIRÃO e FRANCISCA CARNEIRO GIRÃO (estes, respectivamente, avós paternos e maternos do autor) e, finalmente, o Fascículo III – que cuida da descendência de LUIZ CARNEIRO DE SOUSA GIRÃO (O Sousa), em seus dois casamentos.
Ao cabo desse laborioso objetivo, ocorreu-me outro propósito: editar por inteiro as gerações de todos os ramos que integram a numerosa Família Girão, não mais por fascículos – método que tornaria o conteúdo disperso e fragmentado e pouco compreensivo – mas condensar em um só volume a imensa Árvore Genealógica dos Girões, colimando, ao final, na concretização de um acalentado sonho: a publicação deste modesto e despretensioso trabalho.
Espelhado na iniciativa louvável do renomado historiador Raimundo Girão, pioneiro a interessar-se pelo estudo genealógico da FAMÍLIA GIRÃO, ousei-me, por esse exemplo, ao desafio de dar continuidade à sua valiosa obra: “OS GIRÕES” – Parte desmembrada do Livro “MONTES. MACHADOS. GIRÕES”, objetivando atualizá-la.
Tornar, assim, conhecida pelas gerações contemporâneas e futuras, a descendência e a saga da tradicional Família Girão, através dos tempos, pareceume a forma ideal de resgatar a memória de muitos notáveis e extraordinários vultos da nossa família, principalmente por dever de justiça e gratidão. Não que desmereçam apreço e distinção os nossos demais consangüínios, aqueles que não tiveram as mesmas oportunidades ou chances de se projetarem na história, mas que trazem consigo os mesmos valores, não só por correr em suas veias o mesmo sangue da família, mas por herdarem iguais virtudes: honradez, simplicidade, caráter e dignidade, qualidades inerentes aos Girões e que constituem características natas da família. Em verdade, em todos os campos de atividade, houve ou há sempre um Girão em evidência ou em destaque. De um modo geral, abastados ou humildes, famosos ou anônimos, vitoriosos nas letras ou simples vaqueiro ou agricultor do sertão, os Girões ganharam sempre o respeito e a admiração dos demais grupos porque sabem, antes de tudo, viver com honradez e dignidade.
É dever, repetimos, reverenciar a memória daqueles que, pelos seus méritos e virtudes,destacaram-se e deram inegável projeção à família. Cabe aqui enumerar alguns eminentes Girões que se notabilizaram pelo que foram em vida: Antônio Eduardo Girão (Tonho Major), era bem o tipo do homem respeitável do sertão, sempre ouvido e acatado e, por isso, gozava de grande reputação na sua terra, tendo atuado nos negócios públicos e religiosos do seu município, de onde fez parte, inclusive, da Câmara Municipal; Eduardo Henrique Girão, jurisconsulto, professor, pensador e polígrafo, com várias obras publicadas, tendo exercido mandatos de Presidente do Estado e de Deputado Federal pelo Ceará; João Damasceno Girão, um dos heróis do Acre; Luís Carneiro de Sousa Girão (o sábio e respeitado escrivão Sousa), de saudosa memória, que nos deixou exemplo de amizade e solidariedade marcantes quando acodia e hospedava primos e parentes que o procuravam nos momentos difíceis; Raimundo Girão, primogênito do Sousa, que nos legou numerosos registros históricos e sociológicos não só do Ceará, mas de toda a região nordestina, bem assim, vasto acervo de extraordinárias obras literárias. Suas obras e vida pública, tão intensas, estão reconhecidas em sua biografia descrita neste livro; Celso Luís de Sousa Girão, outro notável filho do Sousa. Expoente máximo da Magistratura Cearense e uma das expressões de realce do mundo jurídico de nossa época. Celso era um Magistrado reconhecidamente vocacionado para o múnus que ardorosamente exerceu por longos anos, aplicando em seus atos e decisões – com muito aprumo, coragem e destemor – a verdadeira justiça. Poucos se destacaram ao nível de suas inúmeras virtudes: dignidade e caráter, honestidade, saber jurídico, probidade, amor ao trabalho, simplicidade e competência, mas, nesta gama de valores, muitos não chegaram, sequer, alcançar o primeiro degrau do patamar ao qual o Dr. Celso Girão elevou-se; José Eduardo Girão (Zé Girão), defensor incansável dos destinos de Morada Nova na qual era líder atuante da família Girão. Homem culto e exemplar, possuidor de elevada formação jurídica nos campos da advocacia e da magistratura. Fez-se defensor intransigente da legalidade e da justiça. Era um obstinado em cumprir, fielmente a risca, os princípios da honradez e do dever; Jaime Girão, apaixonado pela sua terra natal – Morada Nova e que muito batalhou pelo incremento da melhoria das condições de vida de seus conterrâneos; Luís Girão (o líder empresarial de Maranguape), irrequieto empreendedor na área de agro-negócios, próspero industrial e agropecuarista. Foi bem a expressão do homem vencedor que sabia construir sem medo nem desfalecimento seus corajosos empreendimentos, sempre com a visão à frente de seu tempo; Clodomir Teófilo Girão: autêntico mestre do saber e insuperável professor em sala de aula, sempre preocupado em repassar aos seus jovens alunos os princípios éticos e de cultura e suas variadas fontes de conhecimentos. Da adolescência ao entardecer da vida, viveu Clodomir fundando colégios, dirigindo revistas, supervisionando jornais, mas se consagrou mesmo, e de alma e corpo, a duas profissões: ao Magistério e à Imprensa; Coronel Tibúrcio Cavalcante, figura ímpar da família, detentor de vasto currículo em sua vida pública, coroada que foi por integrar com denodo e bravura a heróica Comissão Rondon na Amazônia; Os anônimos e heróicos Girões do Acre, que tombaram na luta em defesa da histórica emancipação do então Território brasileiro; Enéas Girão Ferreira Nobre, um dos voluntários do Paraguai, morto em campo de batalha; José Blanchard Girão (de imorredoura lembrança), ícone emblemático do rádio e do jornalismo cearenses, escritor e memorialista de nomeada, orgulho da família e paradigma de homem íntegro, inteligente e de inigualável caráter; Célio Brasil Girão, inteligência rara e invulgar nas lides da medicina, também outro vocacionado da profissão; João de Deus Girão, modelo de liderança e entusiasta articulador político de sua terra natal – Morada Nova. Os irmãos Benjamim Girão e Benício Carneiro Girão (este cidadão de Sobral), ambos lideranças pungentes do comércio em suas cidades, que enobreceram a família pela retidão, dignidade e respeito aos seus concidadãos. Ressalte-se, ainda, o fulguroso nome de Francisco Flávio Nogueira Carneiro (Coronel do Exército e ex-Comandante do 23º Batalhão de Caçadores) pelo destaque merecido em ter dado ao Brasil, a exemplo de Caxias – paradigma de liderança militar – em manter sempre postura e conduta irrepreensíveis: ser defensor intransigente da integração nacional, soldado vigoroso em defesa do País-Brasil e modelo inigualável de amor à Pátria.
Poderíamos aqui louvar muitos outros nomes ilustres merecedores da mesma reverência, que foram biografados neste livro, mas não o fazemos para evitar delongas e não tornarmos repetitivo e ainda mais enfadonho.
Nisto tudo reside a importância de se guardar na lembrança aqueles que nos deixaram. Preservar acalentado em nossos espíritos a chama da saudade de todos os que nos legaram admiráveis exemplos: legítima afirmação de quanto o homem (homem ou mulher) que Deus criou, possam, a despeito de tudo, ser bons e merecerem, ainda quando mortos, a justa veneração e o respeito de seus pósteros.
Não basta nascer Girão, é necessário saber ser Girão, dignificar a família, seu nome, a tradição, seus valores, princípios e honradez, quer sejam homens ou mulheres. E eles o souberam.
O autor
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